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Sabores do Mediterrâneo

Sabores do Mediterrâneo

04
Set25

Tortilha de Batata e Espargos Selvagens

O que a Terra dá, a Mesa acolhe: a beleza da Cozinha Simples

Vânia

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Viver perto da fronteira é viver entre tradições partilhadas, onde os sabores se cruzam e se complementam. A tortilha de batata, esse clássico espanhol, é um desses exemplos. Do outro lado da fronteira, é um prato essencial, preparado com poucos ingredientes e cozinhado sem pressa. Mas por aqui também a apreciamos, talvez porque nos lembra a comida de verdade – aquela que se fazia antigamente, sem artifícios, apenas com o essencial.

 

Se há algo que espanhóis e portugueses têm em comum, é o respeito pela comida simples e bem feita. Eles deliciam-se com o nosso bacalhau, os nossos ensopados e as nossas migas, e nós, por nossa vez, adotamos algumas das suas receitas, incorporando-as na nossa cozinha sem que muitas vezes nos apercebamos disso. Afinal, bons sabores não conhecem fronteiras.

 

O mesmo acontece com os ingredientes que a terra nos dá. Quem já percorreu os campos na primavera sabe a alegria de encontrar espargos selvagens, finos e ligeiramente amargos, prontos para serem colhidos e levados diretamente para a cozinha. Com ovos batidos e um pouco de azeite, fazem uma tortilha deliciosa, daquelas que sabem à terra onde crescemos.

 

Hoje, no meio de tantas opções e modas alimentares, parece que nos esquecemos de que uma alimentação saudável pode ser incrivelmente simples. Vamos acumulando ingredientes difíceis de pronunciar e receitas cheias de passos desnecessários, quando, na verdade, os pratos mais antigos – aqueles que as nossas avós faziam sem grandes complicações – são muitas vezes os mais equilibrados. Um bom azeite, ovos caseiros, batatas da terra. E paciência para cozinhar sem pressa.

Afinal, é isso que torna a comida verdadeiramente especial: a simplicidade à mesa, o respeito pelos ingredientes e a alegria de partilhar um prato que atravessa gerações.

 

Receita

Ingredientes:
  • 2 Batatas brancas pequenas
  • 6 Ovos
  • 2 Colheres de sopa de azeite
  • 7 Ramos de Espargos selvagens
  • Sal a gosto

Dia: A receita pode ser feita apenas com a batata ou substituindo os espargos por cebola cortada finamente em meias luas.

 

Instruções:
  1. Comece por descascar e cortar a batata em rodela bem finas, pode usar uma mandolina para facilitar.
  2. Lave e pique os espargos.
  3. Coloque o azeite num frigideira de tamanho médio.
  4. Salteia as batatas e os espargos em azeite por 5 minutos.
  5. Parta os ovos e bata até ficar homogêneos. Se desejar pode temperar os ovos com sal a gosto.
  6. Coloque os ovos batidos na frigideira sobre as batatas e os espargos.
  7. Deixe cozer em lume baixo sem mexer. Tape com uma tampa para que coza de forma uniforme.
  8. Desenforme a tortilha depois de arrefecer. Coloque um prato sobre a frigideira e inverta a frigideira de forma que a tortilha fique no prato.

Sirva com salada.

 

Fazer uma tortilha de batata ou juntar-lhe espargos selvagens apanhados no campo é mais do que simplesmente cozinhar—é um gesto de respeito pelas tradições e pela simplicidade da boa comida. Entre Portugal e Espanha, os sabores cruzam-se, enriquecem-se e lembram-nos de que a cozinha mais autêntica é aquela que nasce da terra e da sabedoria de quem veio antes de nós.

 

Num mundo onde a alimentação parece cada vez mais complicada, voltar às receitas antigas é um ato de reconexão. Porque, no fundo, não precisamos de ingredientes exóticos ou técnicas elaboradas para fazer um prato que nos sacia e nos conforta. Apenas de bons produtos, um pouco de paciência e a vontade de cozinhar com prazer.

 

Que esta receita te inspire a desfrutar da cozinha sem pressa, a saborear cada garfada e a celebrar a simplicidade dos sabores de sempre. Afinal, é na mesa, partilhando pratos como este, que as melhores histórias se contam.

02
Set25

Receita de pão Alentejano

O Pão feito em Casa: Tradição, Sustento e Aconchego

Vânia

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O pão foi, durante séculos, a base da alimentação de muitas famílias. Em tempos de escassez, quando os recursos eram poucos e a fartura não era garantida, um simples pão tinha de alimentar bocas famintas e durar o máximo possível. Havia um respeito profundo pelo pão, pelo trabalho das mãos que o amassavam e pelo tempo que se dedicava ao seu crescimento. Fazer pão em casa não era um luxo, mas uma necessidade – uma tradição que unia famílias em torno do forno e do sustento partilhado. 

 

Hoje, fazer pão em casa pode parecer um ato romântico, quase mágico. Há algo de profundamente reconfortante em sentir a farinha entre os dedos, em misturar a água e o fermento, em amassar com paciência e ver a massa crescer, como se tivesse vida própria. O cheiro do pão quente a sair do forno é um convite a sentar à mesa, a cortar uma fatia generosa e a saboreá-lo devagar, ainda morno, com um fio de azeite ou uma colher de mel.

 

E mesmo depois de passado o encanto do pão acabado de cozer, há uma beleza na sua durabilidade. Antigamente, nunca se desperdiçava nada. O pão do dia anterior era torrado, o mais duro era ensopado em sopas de pão ou migas, e as últimas migalhas davam sabor a caldos e pratos humildes. Nada era perdido, porque tudo tinha valor.

 

Hoje, partilho contigo uma receita de pão alentejano caseiro, inspirado nesse respeito ancestral pelo pão e pelo seu significado. Que possas amassá-lo com calma, vê-lo crescer com paciência e saboreá-lo com gratidão.

 

Receita

 Ingredientes:

  • 500 gramas de farinha de trigo sem fermento do tipo T65
  • 300 ml de água morna
  • 10 gramas de sal integral grosso
  • 6 gramas de fermento de padeiro

 

Instruções

  1. Aquece a água ligeiramente. Esta deve estar morna.
  2. Pesa o sal e o fermento.
  3. Coloca na água morna o sal e o fermento e mexe até ambos de desfazerem.
  4. Pesa agora a farinha de trigo.
  5. Abre um pequeno orifício no centro do recipiente onde está a farinha e verte a água com o sal e o fermento para o centro da farinha.
  6. Mexe com uma colher até a massa aglomerar toda.
  7. Transfere para uma bancada limpa e com as mão, também limpas, começa a amassar.
  8. Amassa por 15 a 20 minutos à mão ou por 10 minutos na máquina. Este passo é importante para que o pão fique suave, pois ativa o glúten.
  9. No final de amassar coloca a massa no recipiente com farinha para não colar.
  10. Deixa levedar por 2h a 3h num ambiente ameno com um pano por cima.
  11. Transfere novamente o pão para a bancada e sem o manipular muito cortar a massa em 2 metades e moldar duas bolas
  12. Coloca os 2 pães num tabuleiro de forno forrado com papel vegetal.
  13. Deixa que volte a levedar por mais 15 a 30 minutos, tapado com um pano.
  14. Coloca no fundo do forno uma tigela que possa ir ao forno com água. A água vai ajudar a que a crosta do pão fique crocante.
  15. Leva o tabuleiro com o pão ao forno pré aquecido a 200ºC por 50 minutos.
  16. Retira o pão do forno quando estiver dourado e deixa arrefecer numa grelha para que o arrefecimento seja uniforme. Corta quando estiver morno ou frio.

 

Esta receita de pão alentejano traz consigo a simplicidade e o sabor tradicional desta região rica em história e cultura. Ao seguir cada passo, conseguimos ressuscitar a alma rústica e autêntica do Alentejo, com um pão crocante por fora e macio por dentro, perfeito para acompanhar as refeições ou simplesmente para saborear com um bom azeite. O resultado é um pão caseiro, feito com carinho e paciência, que traz à nossa mesa o verdadeiro sabor do interior de Portugal. Com esta receita, é possível sentir-se em casa, seja na aldeia ou na cidade, sempre em sintonia com a tradição do campo.

21
Ago25

Receita de Salada de Couscous com Ovas de Bacalhau, Grão e Ovo Cozido

Vânia

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Esta receita traz consigo memórias especiais da minha infância. O meu avô era comerciante de peixe e, sempre que podia, trazia-me as maiores ovas de bacalhau que alguma vez já vi. Ele sabia que eu adorava e, com esse carinho, transformava qualquer dia comum num verdadeiro banquete. Lembro-me de me sentar à mesa, radiante, saboreando cada pedaço e sentindo-me mimada pela sua atenção — e, ainda hoje, continuo a adorar o sabor único das ovas.

Além de deliciosas, as ovas de bacalhau são um alimento nutritivo e cheio de benefícios: ricas em proteínas de alta qualidade, vitaminas do complexo B, especialmente B12, e ácidos gordos essenciais, contribuem para a saúde do coração, do cérebro e fortalecem o sistema imunitário. Nesta salada, combinam na perfeição com o couscous, o grão e o ovo cozido, criando um prato equilibrado, colorido e cheio de sabor — e também de memórias afetivas.

 

Ingredientes (para 4 doses)

  • 1 ova de bacalhau grande – fresca ou previamente descongelada, para cortar em pedaços após cozer.
  • 1 chávena de couscous – cru, pronto para hidratar com água a ferver.
  • 1 chávena de brócolos – cortados em pequenos floretes.
  • 2 cenouras médias – descascadas e cortadas em cubos ou rodelas pequenas.
  • 1 chávena de grão-de-bico cozido – pode ser caseiro ou de lata, bem escorrido.
  • 1/2 cebola roxa – finamente picada para temperar a salada.
  • 2 ovos – cozidos e cortados em pedaços.
  • Coentros frescos – a gosto, picados para aromatizar.
  • Sal – a gosto, para temperar couscous, legumes e salada final.
  • Azeite virgem extra – a gosto, para temperar no final.
  • Vinagre – a gosto, de preferência de vinho ou de maçã, para equilibrar os sabores.

 

Modo de preparação da Salada de Couscous com Ovas de Bacalhau, Grão, Ovo e Legumes

  1. Cozer a ova: Levar a água a ferver e colocar a ova de bacalhau para cozer por cerca de 15 minutos. Depois, retirar e deixar arrefecer um pouco antes de cortar em pedaços.
  2. Preparar o couscous: Colocar o couscous numa tigela, temperar com uma pitada de sal e verter água a ferver até cobrir. Deixar absorver e soltar os grãos com um garfo.
  3. Cozinhar os legumes: Cortar os brócolos e as cenouras em pedaços pequenos. Cozer em água com sal até ficarem macios, mas ainda firmes.
  4. Cozer os ovos: Assim que a água levantar fervura, colocar os ovos com casca e deixar cozer por 6 minutos. Depois de cozidos, arrefecer, descascar e cortar em pedaços.
  5. Preparar os temperos: Picar a cebola roxa e os coentros.
  6. Montar a salada: Numa taça grande, colocar o couscous, a ova em pedaços, os legumes, o grão-de-bico e os ovos cortados. Adicionar a cebola roxa picada e temperar a gosto com coentros, azeite e vinagre. Ajustar o sal se necessário.
  7. Servir: Esta salada pode ser servida quente ou fria, conforme a preferência.

 

Esta salada de couscous com ovas de bacalhau, grão e ovos é muito mais do que um prato saboroso: é uma celebração de memórias afetivas, simplicidade e saúde. Cada ingrediente combina textura, cor e nutrientes, oferecendo uma refeição equilibrada e cheia de sabor. As ovas de bacalhau trazem proteínas de qualidade, vitaminas e ácidos gordos essenciais, enquanto o couscous, os legumes e o grão completam uma refeição leve, nutritiva e reconfortante. Pode ser servida quente ou fria, perfeita para partilhar em família ou para desfrutar num dia de semana sem pressas, mantendo sempre a essência mediterrânica de proximidade, sazonalidade e carinho à mesa.

 

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